COMPARATIVOS/TESTES TRANSALP

terça-feira, 15 de junho de 2010

Marrocos 2010 3ª parte

Depois das duas noites no deserto arrancamos em direcção as gargantas do Todra, o dia estava enublado, caíam uns chuviscos e a certa altura um forte vento levanta a areia que atravessa a estrada e dificulta a visibilidade, a areia era tanta que entrava pelo pescoço e magoava nas mãos.
Com tal cenário decidi parar porque sinceramente não sabia se tinha condições de continuar, mas a certa altura aparece um homem em cima de uma motorizada MBK a pedais sem capacete e de camisa, acena-me e prossegue por entre toda aquela areia que inundava o ar e aí não hesitei e lá arrancamos para depois de cerca de 30minutos o tempo dar tréguas e tudo voltar á normalidade.
Foi mais uma grande experiencia.
Iniciava-mos aqui a entrada na zona montanhosa do atlas, as paisagens continuavam espectaculares, as estradas estavam desertas e o frio que fazia contrastava com o calor dos dias anteriores.  
  Chegamos ás gargantas e facilmente percebemos o porquê do nome, são enormes montanhas que estreitam a passagem e fazem-nos sentir pequenos com tamanha imponência, fez-me lembrar o desfiladeiro dos beyos nos picos da Europa.
Estávamos cansados e nesse dia decidimos ficar mesmo por ali, num bom hotel com piscina, pena o tempo estar frio e a piscina ficar para uma próxima.
Nesse dia fazia anos.    
Forças recuperadas, um bom pequeno-almoço e as despedidas a mais dois amigos com quem trocamos muitas ideias, sempre com o famoso chá marroquino que ate tivemos o prazer de aprender a fazer, é simples mas dá trabalho. 
O dia estava bom apesar de continuar um pouco frio e o destino era a cidade de Marrakech, com passagem por Imilchil.
As estradas estavam a ser alcatroadas e tivemos o primeiro susto quando a traseira da mota me fugiu na areia e não caímos por sorte.
A rota traçada não foi a melhor opção e só chegamos a Marrakech por volta das 22:00 completamente estourados depois de cerca de 10 horas de condução. 
Marrocos não pára de nos surpreender a cada curva, neste caso o lago Tislit a marcar a paisagem a uma altitude de cerca de 3000 metros. 
A cerca de 100km de Marrakech fomos maravilhados com este pôr do sol.
A chegada a Marrakech já de noite foi uma loucura, não fazia ideia que o transito fosse tanto com todo o tipo de veiculo que se possa imaginar, muitos animais e taxistas com os chamados petit táxi completamente marados, só se pára nos vermelhos e nas passadeiras é proibido nem que seja para deixar passar mulheres com os filhos ao colo.
Demos muitas voltas e lá paramos num hotel á sorte perto da famosa praça Dejma El Fna, arranjamos uma garagem para a mota perto do hotel, descarregamos a tralha e fomos jantar. 
Ao chegar áquela que é considerada a praça mais famosa de Marrocos fomos agarrados pelos braços para nos sentar-mos no primeiro restaurante que aparece, entre centenas que lá existem, conseguimos fugir ao primeiro e no segundo desistimos e sentamo-nos (agarram mesmo, não é tanga), comemos bem e pagamos muito mais do que o preço de tabela com a conta a ser feita num papel em cima da mesa percebi que ia ser grande discussão para pagar o justo e não liguei ao caso, até achei piada.
que ali se vive e regressamos ao hotel.
Os miúdos que por lá andam não pedem, olham e apontam para a comida, obviamente que dissemos que sim, sentaram-se na nossa mesa e devoraram tudo o que sobrava.
Bebemos um sumo de laranja natural compramos umas cenas para a família, curtimos a grande animação
De manha a cidade acalma e apesar de haver muito transito não tem comparação com a noite, muito havia para ver mas tínhamos duas hipóteses, o regresso directo a casa ou fazer um desvio até El-Jadida antiga cidade portuguesa de Mazagão, naquele que em tempos foi considerado um dos melhores portos de África.  
Optamos pela segunda opção e ainda bem porque foi sem duvida o melhor ultimo dia que podíamos ter tido em Marrocos.
Cidade piscatória de gente simpática que nos recebeu de braços abertos, a começar logo pela policia que mandou parar o transito para podermos entrar na fortificação da antiga cidade portuguesa de Mazagão,
património mundial da UNESCO desde 2004.   
A cidade encontra-se num bom estado de conservação e os marroquinos souberam juntar duas culturas num estado harmonioso, como por exemplo a igreja e a mesquita.
Cultivou-se as relações culturais entre dois países distintos, mas ao mesmo tempo próximos na arte de bem receber.
Antes de visitar-mos a conhecida cisterna portuguesa tivemos a oportunidade de conhecer o Mouhssine, habitante local, dono de uma loja de artigos marroquinos que nos facultou espaço para guardar as nossas tralhas e nos indicou lugar para a mota, junto do posto da policia.
A cisterna só abria as 15:00 e fomos dar uma volta pela cidade, quando chegamos tínhamos o almoço á nossa espera, mesmo dentro da loja, um delicioso "cus cus" de galinha feito pela mãe dele, no final perguntamos quanto era e a resposta foi " são meus convidados, é com muito prazer".
Ficamos encantados com tamanha amabilidade e fizemos mais um amigo.
Obrigado Mouhssine.
   
Deixo agora as fotos da cisterna, esta maravilhosa obra dos portugueses que me encheu de orgulho. 
Não apetecia mas tínhamos mesmo que regressar a casa e metemo-nos na auto-estrada até Tanger, onde os Mercedes topo de gama a altas velocidades contrastam com os camiões lentos e carregados que por vezes quando se tentam ultrapassar fazem longas filas atrás, miúdos a atravessar a auto-estrada também é comum, assim como cavalos e burros.
Chegamos a Tanger por volta das 23:00 e tivemos que dormir por lá porque ferry só de manha, ao contrario do que me tinham dito que era a noite toda.
Marrocos...adoramos e havemos de lá voltar mas com mais tempo.

1 comentário:

JFAlves disse...

Muito, muito bom!
É mais um relato daqueles... que dá vontade de arrancar já amanhã!

Mas na próxima tens que experimentar as areias com a Transalp.
;-)

Abraço,
Joaquim TransAlves