COMPARATIVOS/TESTES TRANSALP

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Picos da Europa 09 II




Quisemos acabar o ano de 2009 em pleno e nada melhor para o efeito que um regresso aos Picos da Europa, só que desta vez no inverno, com previsões de muita chuva e os telejornais a noticiar cheias um pouco por toda a Europa.



Nada que nos desmoraliza-se até porque desta vez a tenda ficou em casa e ficamos alojados num hotel em Arriondas, a Transalp como já é sabido nunca se corta a nada e nunca dá problemas.

Saímos de casa na terça-feira dia 29 em direcção a Alfandega da Fé para aproveitarmos a estadia gratuita que tínhamos no renovado hotel spa da zona, com a curiosidade de estar equipado com o único jacuzzi ao ar livre e suspenso a 1000m de altitude, a vista do quarto era brutal e aquela região de Trás-os-Montes é belíssima.

Quarta-feira rumamos ao nosso destino com uma paragem em Leon para o almoço, muita chuva durante todo o caminho e alguma neve nas partes mais altas, cansados mas satisfeitos fomos comer uma pizza a Cangas de Oníz, típica localidade Asturiana, onde por norma os portugueses são sempre bem recebidos.

Quinta-feira e finalmente pegávamos na Transalp para explorar o paraíso natural, assim designado pelos locais e com toda a legitimidade, porque de facto são paisagens maravilhosas.


Atravessamos o Desfiladero de Los Beyos com o rio Sella sempre a acompanhar-nos, as montanhas altas e poderosas a deliciar-nos a alma, a neve já era avistada ao longe nos cumes das montanhas e o nosso destino era Caín, uma aldeia bem no coração dos Picos, onde comemos uma grade sande de presunto ou “bocadillo de jamon” como eles dizem.


As paisagens cada vez ficavam mais fantásticas á medida que penetrávamos nos limites do parque e decidimos rumar ao miradouro de Puerto de san Glorio e aqui posso afirmar que apanhamos o maior nevão de sempre em cima da mota e á medida que subíamos para os 1600m de altitude a neve era cada vez mais, as pontinhas dos dedos começavam a gelar mas estávamos tão perto que arriscamos e fomos até ao destino, só que foi impossível continuar mais para a frente porque simplesmente a estrada que dava ao miradouro estava cortada pela neve.


Quando me apercebi que eram 16:30 da tarde comecei a ficar um bocado preocupado porque tínhamos sensivelmente meia hora de luz do dia e ainda estávamos longe do hotel e a estrada estava rapidamente a ficar toda branca.

Foi fumar um cigarro e começar a descer para fugirmos á neve, até que certa altura já não caía neve mas sim uma chuva forte, fiquei aliviado sem saber que mais á frente a história se ia repetir mas agora completamente de noite e aí posso afirmar que tive mesmo medo, quando passamos por uma parte a cerca de 1200m e volta a neve em força e a estrada já completamente branca, conseguindo eu ver pelo retrovisor o rasto da mota que deixávamos na estrada.


Foi uma pequena grande aventura.


O mais insólito estava para acontecer quando outra vez no desfiladeiro a cerca de 50km de Cangas somos os primeiros a chegar a um aparatoso acidente entre dois jipes, com os motores a trabalhar de gás colado, muito fumo e o chão cheio de gasóleo e mais grave as pessoas inconscientes dentro dos jipes.

Parei a mota e por instinto comecei a tentar tirar as pessoas de dentro dos jipes, só que as portas não abriam e pensei que não me safava, porque a iminência de explosão era grande.


Sem entrar em grandes pormenores toda a gente se safou e com a chegada das autoridades desmobilizei para o hotel para o jantar de fim de ano, foi uma experiencia de terror.

Sexta-feira, novo destino, desta vez mais para norte em direcção a Arena de Cabrales, para posteriormente seguir por uma estrada de montanha até a aldeia de Tresviso, uma povoação de montanha das mais isoladas dos Picos.

Foi mais um dia cheio de paisagens espectaculares e em algumas partes a neve era imensa, os carros na estrada eram muito poucos ou quase nenhuns e nós em cima da transalp a percorrer aquelas estradas de montanha isoladas do mundo sentimos uma sensação de liberdade que só um motociclista consegue sentir.

Chegados ao destino e olhando melhor para o mapa é que me apercebi que não dava para continuar de mota, tratava-se de um percurso pedestre, ainda insisti com um habitante local que se calhar de mota dava, mas ele disse-me que era impossível e tivemos que voltar para trás, um bocado mais ligeiros por causa das horas e da neve, aventuras já tínhamos tido que chegasse no dia anterior.

Tempo ainda para parar em Sotres num tasco bem típico da região e provar o famoso queijo “picón” servido com um bocado de pão enorme e chouriço as rodelas cortado em cima de uma folha de jornal por uma senhora bem simpática que tinha o tasco decorado com louvores dos montanhistas que por lá vão passando.

Sábado foi altura de regressar a casa sem fazer prever que a cerca de 100km de Puebla de Sanabria íamos apanhar um frio extremo que se prolongou até Bragança com toda a zona coberta de neve, o regresso é sempre mais chato e chegamos a casa bastante cansados mas muito satisfeitos por um passeio magnífico em todos os sentidos.












A transalp agora já com 110.000km continua a portar-se bem e há quem diga que agora é que tem a rodagem feita.

 No desactivado posto fronteiriço português perto de Bragança, aproveitamos para nos abrigar um bocado e assim terminar o resto do caminho até casa, já em terras lusitanas.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Picos da Europa 09


Uma passagem de ano inesquécivel, com algumas aventuras pelo meio, neve frio e chuva e acima de tudo uma grande curtição.