COMPARATIVOS/TESTES TRANSALP

domingo, 13 de junho de 2010

Marrocos 2010 2ª parte


Chegamos a Errachidia com um calor infernal e pelo caminho ainda tivemos tempo de comprar um lenço que segundo o homem que me vendeu era utilizado pelo povo touareg para se proteger das tempestades de areia, frequentes no deserto.
Não fazíamos ideia onde iríamos ficar alojados e aceitamos a sugestão de um homem com quem conversamos na bomba de gasolina de nos dirigirmos a Rissani e procurar o hotel indicado por ele.
Devido a nossa pouca experiência em Marrocos podemos dizer que caímos direitinhos num esquema de turismo e esperamos cerca de hora e meia no local que nos foi indicado para depois arrancar-mos atrás de um jipe, sem saber bem para onde.
Já era noite cerrada e quando começamos a meter por caminhos de terra sem luz absolutamente nenhuma, posso dizer que fiquei um bocado preocupado, mas continuei em frente até chegar a um albergue.
Depois de negociar o preço e a dormida no deserto do dia seguinte serviram-nos uma boa refeição e fomos dormir num quarto bem espaçoso e acolhedor.   
Eram cinco da manha e já estava a pé com a curiosidade de saber realmente onde estava e quando fui á janela do quarto a paisagem era esta... o deserto.
Sair do albergue e depararmo-nos com esta maravilhosa paisagem, diferente de tudo o que já tínhamos visto é uma sensação fantástica e só tínhamos que estar no albergue por volta das 18:00 para partirmos para a grande duna ou como eles chamam Erg-chebbi, aproveitamos a tarde para dar umas voltas pelas redondezas e apreciar as aldeias que parecem estar no meio do nada mas com uma vida comunitária muito desenvolvida.
Gostava de ter andado com a transalp pelas dunas mas fica para uma próxima, até porque resolvi poupa-la a tamanho esforço. 
Os gatos são uma constante em todo o lado e têm as orelhas enormes dando-lhes um ar muito engraçado.
Uma boa salada marroquina com muitos legumes salteados e um whisky berbere "sem borrachera" e estavamos prontos para partir para o deserto em cima dos dromedários, vulgarmente chamados de camelos, apesar de estes não existirem em Marrocos.
O Mohamed era o nosso guia, homem na casa dos 60, muito simpático, pouco falava e quando o fazia dizia "ok" e pouco mais.
A sua vida nem sempre foi esta mas o turismo em massa que ocorre ao deserto e a procura de uma vida mais estabilizada fê-lo enverdar por esta actividade, falta saber se gosta ou se é mais feliz assim, a servir de actor para turista ver.
Nós gostamos dele e dos outros dois rapazes que lá trabalhavam, o Joseph e o Mostapha, falamos muito, trocamos uns e-mails e fizemos amizade, aliás coisa fácil em Marrocos, ou pelo menos fora das grandes cidades.  

Só arrancamos por volta das 19:00 porque fui com o Joseph comprar vinho a um hotel em Merzouga que ficava a cerca de 15Km do albergue, fomos sempre por estradões de terra e com o joseph atrás com o seu truvante enorme e amarelo, senti-me bem, senti-me feliz e despreocupado, longe da chata rotina diária a que o trabalho nos obriga. 
Os dromedários não são muito confortáveis comparados com a mota mas depois de nos deixar-mos embalar pelo seu movimento, pela paisagem e pelo silencio do deserto, posso afirmar que uma hora e meia ate á tenda passam a correr.
Havia algumas partes que o Moahmed ajeitava a areia para os animais melhor passarem, neste caso pediu-nos mesmo para descer e ir-mos a pé.
Chegamos ao destino, já de noite e felizmente nas nossas tendas não havia mais ninguém o que tornou a experiência ainda melhor, o Moahmed preparou-nos um delicioso tajin de galinha e á luz das velas jantamos junto da grande duna.
Coincidencia ou não voltei a acordar ás 5.00 da manha mas desta vez com a chuva que caía dentro da tenda e os fortes relâmpagos que iluminavam o deserto, o Moahmed que dormiu ao relento também se levantou e bebemos todos um chá, esperámos que parasse a chuva e fomos embora com o nascer do sol como companhia, o deserto tinha outra cor bem diferente do fim de tarde.
Chegados ao fim da etapa do deserto era altura de partir para as gargantas do todra que fica para uma terceira e ultima parte.

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