Quisemos acabar o ano de 2009 em pleno e nada melhor para o efeito que um regresso aos Picos da Europa, só que desta vez no inverno, com previsões de muita chuva e os telejornais a noticiar cheias um pouco por toda a Europa.
Nada que nos desmoraliza-se até porque desta vez a tenda ficou em casa e ficamos alojados num hotel em Arriondas, a Transalp como já é sabido nunca se corta a nada e nunca dá problemas.


Quinta-feira e finalmente pegávamos na Transalp para explorar o paraíso natural, assim designado pelos locais e com toda a legitimidade, porque de facto são paisagens maravilhosas.
Atravessamos o Desfiladero de Los Beyos com o rio Sella sempre a acompanhar-nos, as montanhas altas e poderosas a deliciar-nos a alma, a neve já era avistada ao longe nos cumes das montanhas e o nosso destino era Caín, uma aldeia bem no coração dos Picos, onde comemos uma grade sande de presunto ou “bocadillo de jamon” como eles dizem.
As paisagens cada vez ficavam mais fantásticas á medida que penetrávamos nos limites do parque e decidimos rumar ao miradouro de Puerto de san Glorio e aqui posso afirmar que apanhamos o maior nevão de sempre em cima da mota e á medida que subíamos para os 1600m de altitude a neve era cada vez mais, as pontinhas dos dedos começavam a gelar mas estávamos tão perto que arriscamos e fomos até ao destino, só que foi impossível continuar mais para a frente porque simplesmente a estrada que dava ao miradouro estava cortada pela neve.
Quando me apercebi que eram 16:30 da tarde comecei a ficar um bocado preocupado porque tínhamos sensivelmente meia hora de luz do dia e ainda estávamos longe do hotel e a estrada estava rapidamente a ficar toda branca.

Foi uma pequena grande aventura.
O mais insólito estava para acontecer quando outra vez no desfiladeiro a cerca de 50km de Cangas somos os primeiros a chegar a um aparatoso acidente entre dois jipes, com os motores a trabalhar de gás colado, muito fumo e o chão cheio de gasóleo e mais grave as pessoas inconscientes dentro dos jipes.
Parei a mota e por instinto comecei a tentar tirar as pessoas de dentro dos jipes, só que as portas não abriam e pensei que não me safava, porque a iminência de explosão era grande.
Sem entrar em grandes pormenores toda a gente se safou e com a chegada das autoridades desmobilizei para o hotel para o jantar de fim de ano, foi uma experiencia de terror.





A transalp agora já com 110.000km continua a portar-se bem e há quem diga que agora é que tem a rodagem feita.
No desactivado posto fronteiriço português perto de Bragança, aproveitamos para nos abrigar um bocado e assim terminar o resto do caminho até casa, já em terras lusitanas.